domingo, 28 de agosto de 2016

(Des)Comparação

Adoro as férias. Adoro o sol, os risos das pessoas. Adoro sentir o relaxamento do corpo.
Adoro acordar cedo e assistir ao nascer do sol. Que espetáculos tão belos e gratuitos ao meu dispor, ao dispor de cada um.

Gosto, no entanto, particularmente deste tempo de descanso porque me permite mergulhar ainda mais dentro de mim e a perceber quais as entranhas por limpas, que representações internas gerei, que padrões de pensamento vagueiam, ainda, cá dentro.

E nessas reflexões, vou encontrando algumas respostas e, sobretudo, serenidade. Serenidade por aceitar aquilo que é.
Nas minhas recentes reflexões dei por mim a compreender uma atitude / pensamento que era comum, sobretudo nesta fase do ano em que o calor convida a roupas mais leves, à exposição do corpo. 
Essa atitude mental era o da comparação.
Hoje compreendo que este pensamento e comportamento foi uma estratégia desenvolvida pela parte de mim com menos recursos como forma de me manter segura e confortável em relação ao meu copo.

A busca pela perfeição através do exterior, e em concreto através do meu corpo, foi uma forma para me sentir com mais confiança e auto-estima.
Durante alguns anos, a altura de férias e sobretudo os momentos de praia e exposição eram momentos de dor. Habituei-me a comparar o meu corpo com as raparigas que por ali caminhavam junto à água e chegava sempre à mesma conclusão. Todas eram muito melhores que eu: era a barrigas lisa, eram as pernas elegantes, eram as coxas magras, eram os cabelos bonitos… Tudo comparações na esperança de me sentir um pouco mais bonita.
Identificava-me com aquela voz ruidosa de que era gorda.
Na verdade, o que faltava era uma dose de amor-próprio, de compaixão e de aceitação. Aceitação plena da forma e estrutura do corpo que me foi concedido.

Hoje, se tivesse a oportunidade de falar com comigo há cerca de 5 anos, dizer-lhe-ia apenas que é bonita na sua imperfeição. Que na imperfeição que reside a oportunidade de evoluir e mudar. Que é bonita na sua singularidade. Que a beleza dela atravessa a alucinação da perfeição do corpo.
Hoje, digo a mim mesma que estou grata por essa forma de pensar do passado, pois concedeu-me a oportunidade de procurar uma outra perfeição, a interior.
E essa sim, produz resultados e beleza exterior.

Hoje sussurro a mim mesma que me aceito total e completamente com todo o amor, compaixão e respeito, por mim…Hoje, olho para as minhas coxas fortes como um reflexo da imensidão do meu coração!


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