sábado, 13 de agosto de 2016

Aqui, sem nada...

(uma leitura acompanhada por esta música de Dexter Britain)



Olho lá para trás, para o passado e recordo os momentos que eram planeados ao segundo.
Recordo a respiração a ficar ofegante, as mãos a transpirar...
Recordo-me do tremor interior e da pressão no peito.
Sensações que me deixei levar por elas.

Elas, as sensações, eram só isso mesmo, sensações, que rapidamente começaram a controlar os meus dias, a relação com a família, com os colegas e, sobretudo, comigo.
Tornei as sensações como sendo eu, como sendo minhas, como fazendo parte de mim.
E quanto mais lhes dava atenção mais elas inflamavam em mim.
Durante alguns anos, aquelas emoções foram as únicas que conhecia e vivi.

O constante necessidade de planeamento e controlo escondiam as reais necessidades, a de amor próprio, a de autoconfiança, a de segurança. Cegamente foi criando estratégias e desenvolvendo recursos que cada vez mais me afastavam de mim.

Houve um momento em que cansei de ser escrava dessas emoções e comecei a ganhar recursos que me permitiram compreender que em momento algum fui ou sou essas emoções, que em momento algum fui ou sou alguém com pouca confiança... Compreendi que existem momento em que estou mais confiante, outras em que estou cheia de confiança... E nada disto me define, pois, tal como tu, eu sou isto e muito mais.

Aprendi, através do mindfulness, que as emoções vão e vêem. Podes escolher transformares-te em vento e soprares com para fora de ti as emoções que sabes, lá no fundo, que te agitam.

No fundo, a grande questão que talvez deva fazer a ti próprio é: O que estou a evitar sentir; O que estou a não querer mostrar...

De uma vez por todas, deixa cair a máscara e deixa-te ser visto(a), mesmo com o desconforto que te possa causar. Está sempre tudo bem. 
Diz a bíblia que Deus criou o céu e a terra e viu que tudo era bom.
Porque teimamos transformar a harmonia e o natural em desarmonia e artificial?

Hoje, vou descobrindo a cada dia o meu estado de viver, estar aqui, sem nada e à espera de nada.












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