Adoro as férias. Adoro o sol, os risos das pessoas. Adoro
sentir o relaxamento do corpo.
Adoro acordar cedo e assistir ao nascer do sol. Que espetáculos
tão belos e gratuitos ao meu dispor, ao dispor de cada um.
Gosto, no entanto, particularmente deste tempo de descanso porque
me permite mergulhar ainda mais dentro de mim e a perceber quais as entranhas
por limpas, que representações internas gerei, que padrões de pensamento
vagueiam, ainda, cá dentro.
E nessas reflexões, vou encontrando algumas respostas e,
sobretudo, serenidade. Serenidade por aceitar aquilo que é.
Nas minhas recentes reflexões dei por mim a compreender uma
atitude / pensamento que era comum, sobretudo nesta fase do ano em que o calor
convida a roupas mais leves, à exposição do corpo.
Essa atitude mental era o da
comparação.
Hoje compreendo que este pensamento e comportamento foi uma
estratégia desenvolvida pela parte de mim com menos recursos como forma de me
manter segura e confortável em relação ao meu copo.
A busca pela perfeição através do exterior, e em concreto
através do meu corpo, foi uma forma para me sentir com mais confiança e
auto-estima.
Durante alguns anos, a altura de férias e sobretudo os
momentos de praia e exposição eram momentos de dor. Habituei-me a comparar o
meu corpo com as raparigas que por ali caminhavam junto à água e chegava sempre
à mesma conclusão. Todas eram muito melhores que eu: era a barrigas lisa, eram
as pernas elegantes, eram as coxas magras, eram os cabelos bonitos… Tudo
comparações na esperança de me sentir um pouco mais bonita.
Identificava-me com aquela voz ruidosa de que era gorda.
Na verdade, o que
faltava era uma dose de amor-próprio, de compaixão e de aceitação. Aceitação plena
da forma e estrutura do corpo que me foi concedido.
Hoje, se tivesse a oportunidade de falar com comigo há
cerca de 5 anos, dizer-lhe-ia apenas que é bonita na sua imperfeição. Que na imperfeição
que reside a oportunidade de evoluir e mudar. Que é bonita na sua
singularidade. Que a beleza dela atravessa a alucinação da perfeição do corpo.
Hoje, digo a mim mesma que estou grata por essa forma de
pensar do passado, pois concedeu-me a oportunidade de procurar uma outra
perfeição, a interior.
E essa sim, produz resultados e beleza exterior.
Hoje sussurro a mim mesma que me aceito total e
completamente com todo o amor, compaixão e respeito, por mim…Hoje, olho para as
minhas coxas fortes como um reflexo da imensidão do meu coração!