sábado, 16 de janeiro de 2016

Tempo de reconciliação

Tudo tem um tempo…
Existe um tempo dormir, tempo para nutrir, tempo para exercitar, tempo para conversar, tempo para ler, tempo para brincar, tempo para julgar, tempo para criticar, tempo para discutir… E os dias vão passando, os ponteiros do relógio rodam… E durante esses tempos como tens vivido a tua relação contigo? Sim, contigo? Nesse tempo em que existes, qual a quantidade de tempo em que simplesmente És e em que simplesmente Estás presente?

Vivemos quase como robots, em modo automático, esquecendo-nos quase sempre que um dia, tudo isto a que chamamos vida vai acabar. Lamentamos, julgamos, criticamos… E a grande questão coloca-se, para quê? Qual o objetivo? Talvez estejas apenas a evitar sentir as dores que inflamam dentro de ti e te pedem atenção.

Um dia acordas e percebes que os dias têm passado por ti e em ti vão ficando os sonhos, as oportunidades desperdiçadas, as vontades, os desejos por concretizar, as palavras não ditas, as escolhas que estão alinhadas contigo… Um dia, talvez, despertes para o real tempo que até agora não tens vivido, o da reconciliação.
Sim, há um tempo que não precisa dos ponteiros do relógio… é o tempo do regresso a casa, do voltar às origens, à fonte… tempo de voltarmo-nos para dentro, para o mundo interior, para o do coração, para a criança que foste e és. Tantas vezes choras sem verter uma lágrima, tantas vezes gritas sem fazer ruído, tantas vezes pedes ajuda sem verbalizares umas das mais humildes e corajosas frases “preciso de ajuda”… Habituaste-te a aprisionar as emoções e sentimentos; habituaste-te a calar aquela voz que dentro de ti ecoa e te faz vibrar; habituaste-te a viver com uma espécie de véu que te impede de mostrar e expandir quem és de verdade…

É tempo de libertares-te dessas correntes e fazeres as pazes contigo. Numa sociedade em que se exige mais paz, então comecemos por fazer algo pelo mundo, começando por ti.
Tanta sabedoria imbuída em livros, em mestres, em figuras da história que desde cedo tomarem consciência que tudo começava e acabava em cada um de nós. Esse estado de paz deve começar nos gestos contigo próprio, aceitando tudo e totalmente as emoções, sentimentos (tristeza, ódio, ansiedade, amor…). Pois é nesse caminho de aceitação que iniciamos a viagem mais autêntica, a da libertação…

É tempo de visitar, mesmo com medo, mas coragem a amor, as trevas que existem dentro cá dentro, aí dentro. Aceitar que elas apenas são fruto das alucinações, da ingenuidade, da falta de conhecimentos que não nos permitiram fazer melhor. E está tudo bem. Olhemos de frente para nós mesmos como quem contempla um templo ou um céu azul com um sol imenso e tenhamos essa grandiosa sabedoria de perdoarmo-nos! É tempo de reconciliação. Esse tempo que deve pulsar a cada minuto, nesse constante processo de perdão e amor incondicional. Porque todos, na verdade, estamos à procura do mesmo… vivermos em estado de paz, harmonia e felicidade. Que todas as partes do teu coração estejam em sintoniam, perdoadas e vibrem com a mesma energia!