No rodopiar dos dias foste-te habituando a afundar… Alguns devagar,
outros mais depressa… mas deixaste-te, ingenuamente, que as células, tendões,
músculos, órgãos e cada parte de ti assimilassem uma pele que não escolheste
usar…
Uma pele quase tipo um véu, uma
sombra que criaste em volta de ti que te escurece, que te esconde. Uma pele
que habituaste a usar, talvez, para te protegeres, como um soldado que usa um
escudo para se proteger dos ataques do inimigo. E de que te habituaste a
proteger? Protegeste-te de quê e de quem?
Proteges-te para quê?
Porventura foges de ti
mesmo(a), da verdade que és; talvez tenhas criado a crença de protegeres de ideias
e certezas que criaste para ti como verdadeiras, por exemplo a ideia que não
podes falhar porque podes sofrer represálias. Proteges-te para te evitares,
para livrares-te de sentir dentro de ti desconforto, a dor... para ouvires de
algo que sabes que tens de dizer a ti próprio.
Os dias passam e tu continuas a viver com essa pele que não escolheste
viver; que te omite e te gera sofrimento…. Fintas-te, pois continuas a
convencer-te de que tudo está bem. Que o teu objetivo é seres feliz, um dia!
Uma forma de pensar que induz que não és feliz no momento em que pronuncias tais
palavras.
Vives num estado de montanha russa em que perante a Vida, continuas a
viver de olhos fechados.
E para quê esta forma de viver? Nada
disto faz sentido porque todas as mentiras e sombras se desvanecem quando
expostas à luz, a verdade.
Antoine Saint Exupéry escreveu em “O Princepezinho” que o essencial é invisível
aos olhos. Tal como as raízes de uma
árvore, não consegues ver a profundidade delas nem o tamanho… mas as árvores,
essas, perante as intempéries e agressões continuam de pé, firmes. Continuam a
olha para nós com coragem. E na primavera quase que sorriem e nos tocam com o
seu esplendor.
Sê como a árvore. Não precisas de viver com
essa pele que tens habituado a viver para te protegeres, para agradares, para
satisfazeres vontades exteriores a ti, para seres aceite, para obteres
reconhecimento. Desprende-te… e deixa,
deixa que te vejam além da pele que vestes. Deixa-te expressar através dos
teus gestos, das tuas palavras, dos teus valores e naquilo que acreditas. Enche
os teus pulmões de ar leve e revigorante e de energia quase fogo e resgata-te. Nada
menos que tu. Nada menos do que viveres os teus dons. Nada menos que pores-te a
caminho dos teus sonhos. Nada menos que a tua liberdade. Nada menos que viveres
o propósito que te foi concedido. Nada menos que a tu Seres de verdade. Nunca é demasiado tarde para mostrares a ti
que fazer diferente alinhado segundo aquilo que és e te guia é a mais bela,
verdadeira e sublime forma de viver… de verdade. Acredito eu que algo ou alguém
sorri sempre que escolhes ser tu.